quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Luto Infantil


Acredito que na minha trajetória de terapeuta que também atende crianças uma das questões que mais tive que responder foi acerca do luto infantil, em como proceder junto a criança quando ela perde um ente querido, uma pessoa significativa.

Temos muito pudor em lidar com a morte, mas, como sabemos a morte é uma das poucas certezas da vida e daí a importância de preparar as crianças para quando esse momento chegar.

Vivemos num tempo onde é comum vermos adulto evitando que as crianças lidem com a morte, vale notar como é raro vermos crianças em velórios.

Dia desses em minha casa faleceu o peixinho que minha mãe criava. Era um peixinho azul, desses betas que vivia solitário em um aquário e era alimentado pela minha sobrinha de quatro anos todas às vezes que vinha na casa dos avós, ela o batizou de Nemo.

Minha mãe como uma avó contemporânea disse que não iria contar para a neta do falecimento do peixe e iria comprar outro parecido para por no lugar. Ela queria poupar a criança de lidar com a perda do peixinho.

Isso virou assunto para um debate em família, eu e meu irmão argumentamos com ela que nossa sobrinha deveria saber a verdade e que isso seria um aprendizado. Um pouco relutante minha mãe aceitou e acabou não comprando outro peixe.

Lidar com a morte é algo difícil, trás dor, mas é importante.

Costumo dizer que cada perda deve ser analisada antes de expor a situação para a criança, mas em geral é importante contar a verdade.

Dependendo da idade da criança deve-se limitar o que será contado, mas, é importante iniciar o assunto para que a criança se sinta autorizada a expor seus sentimentos.

Quando animais de estimação, plantas e insetos morrem é um bom momento de discutir sobre morte com as crianças.

Quando a criança perde alguém que possuía um vínculo forte é natural que haja uma mudança de comportamento podendo ela apresentar comportamento agressivo, ficar deprimida nesses casos é importante ficar atento porque a criança pode precisar de ajuda profissional para passar por essa fase.

É essencial que quem for acompanhar a criança neste momento tenha boa vontade, paciência e sensibilidade.

Sendo acolhida pelos familiares e pessoas próximas a criança poderá passar com mais tranqüilidade por esse momento difícil, ficando com o tempo somente com a saudade do ente querido que se foi.