Acredito que na minha trajetória de terapeuta que também atende crianças uma das questões que mais tive que responder foi acerca do luto infantil, em como proceder junto a criança quando ela perde um ente querido, uma pessoa significativa.
Temos muito pudor em lidar com a morte, mas, como sabemos a morte é uma das poucas certezas da vida e daí a importância de preparar as crianças para quando esse momento chegar.
Vivemos num tempo onde é comum vermos adulto evitando que as crianças lidem com a morte, vale notar como é raro vermos crianças em velórios.
Dia desses em minha casa faleceu o peixinho que minha mãe criava. Era um peixinho azul, desses betas que vivia solitário em um aquário e era alimentado pela minha sobrinha de quatro anos todas às vezes que vinha na casa dos avós, ela o batizou de Nemo.
Minha mãe como uma avó contemporânea disse que não iria contar para a neta do falecimento do peixe e iria comprar outro parecido para por no lugar. Ela queria poupar a criança de lidar com a perda do peixinho.
Isso virou assunto para um debate em família, eu e meu irmão argumentamos com ela que nossa sobrinha deveria saber a verdade e que isso seria um aprendizado. Um pouco relutante minha mãe aceitou e acabou não comprando outro peixe.
Lidar com a morte é algo difícil, trás dor, mas é importante.
Costumo dizer que cada perda deve ser analisada antes de expor a situação para a criança, mas em geral é importante contar a verdade.
Dependendo da idade da criança deve-se limitar o que será contado, mas, é importante iniciar o assunto para que a criança se sinta autorizada a expor seus sentimentos.
Quando animais de estimação, plantas e insetos morrem é um bom momento de discutir sobre morte com as crianças.
Quando a criança perde alguém que possuía um vínculo forte é natural que haja uma mudança de comportamento podendo ela apresentar comportamento agressivo, ficar deprimida nesses casos é importante ficar atento porque a criança pode precisar de ajuda profissional para passar por essa fase.
É essencial que quem for acompanhar a criança neste momento tenha boa vontade, paciência e sensibilidade.
Sendo acolhida pelos familiares e pessoas próximas a criança poderá passar com mais tranqüilidade por esse momento difícil, ficando com o tempo somente com a saudade do ente querido que se foi.
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