quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Sobre os homens.



Tenho dito e repetido que acredito que seja muito difícil ser homem.
Você pode querer me perguntar por que e eu direi: porque homem não chora.
Provocações á parte, homens choram mais em geral são punidos por isso.
Aos homens são cobrados que sejam machões, que trabalhem, fiquem ricos, supram todas as necessidades da família. Ser esse homem não é fácil.
As mulheres em geral quando têm algum problema contam as irmãs, mães, amigas, procuram ajuda especializada e o homem muitas vezes guarda para si.
Parece existir entre homens uma competitividade que os impede de impor suas fragilidades ao pai, irmãos e amigos.
Na população que procura apoio psicológico é comum que uma proporção maior seja de mulheres.
O que não quer dizer que as dificuldades destas sejam maiores, elas somente encontram o caminho do consultório mais facilmente.
Homens muitas vezes tentam resolver seus problemas sozinhos e em maior incidência usam e abusam de álcool e drogas.
Talvez porque a mulher possa gerar uma criança comumente é dada uma atenção maior a sua saúde.
É importante olhar para os homens, traçar medidas preventivas para que consiga resolver melhor seus problemas, lidar com o estresse e com “ a pressão de ser homem”.
Tenho visto aqui em Limeira um aumento de grupos de homens que se reúnem para caminhar, pedalar ou correr. Essas atividades, de preferência não acompanhadas de bebidas alcoólicas, podem contribuir e muito para a promoção de saúde mental, mas é necessário ficar atento e sempre que necessário procurar ajuda médica e/ou psicológica.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Para não ter uma triste história para contar.






O uso e abuso de drogas é um dos grandes problemas da contemporaneidade.
No Brasil atual vemos o consumo cada vez maior de álcool,a discussão acerca da descriminalização da maconha e o assustador e cada vez mais presente uso do crack.
É de assustar, o crack é a droga que mais rápido provoca dependência, para dar conta da compulsão o adicto chega a fumar dezenas de pedras ao longo do dia, chegando a desfazer dos seus pertences e da família para “fumar” e também se envolve em comportamentos criminosos como roubar e traficar.
O usuário de droga desestabiliza a família e a torna vítima de sua doença.
Fico a acompanhar pais de adolescentes e jovens, esse panorama gera grande ansiedade nos pais.
Como prevenir que seu filho use drogas?
Prevenir relaciona-se a cuidar.
Creio que a melhor forma de prevenir que seu filho não use drogas não é estabelecer um rígido controle, nem pedir que prometa que não use drogas creio que a melhor maneira de prevenir o uso é estabelecer uma boa relação com este filho.
Estabelecer uma boa relação, manter esse vínculo forte requer trabalho.
É importante que o pai ou mãe avalie a sua postura em relação a esse filho, não sendo tirano ou ditador.
Que seja um bom ouvinte, acolhendo os relatos do filho sobre seus problemas e discutindo junto com ele quais são as melhores soluções.
Pais que só punem, criticam têm como conseqüência filhos distantes, que evitam ser autênticos e expor suas fraquezas perto deles.
Pai sabe-tudo também pode afastar seu filho, ninguém gosta de ser colocado na posição de aluno o tempo todo.
À medida que o pai ouve, ajuda a decidir e elogia os comportamentos adequados do filho, o filho tende a se manter mais próximo e por conseqüência mais seguro de situação de risco.
Aquele ditado que diz “Filho criado, trabalho dobrado” pode ser verdadeiro, mas a adolescência pode ser uma etapa da vida muito gostosa e quando compartilhada com um pai conselheiro e amigo pode contribuir para que seja passada de uma maneira tranqüila, sem vivências desnecessárias, não saudáveis a vida de qualquer um.

O uso de drogas por um ente querido é uma história que nenhuma família quer ter para contar.

Antes da briga, atenção e carinho.



É comum ver crianças que fazem de tudo para chamar a atenção dos pais. Muitas vezes elas fazem tudo, mas tudo mesmo para chamar a atenção não só dos pais, mas também da professora, dos avós, dos irmãos.
Comportar-se adequadamente de maneira a chamar a atenção é bacana o problema é quando as crianças se comportam mal para ter essa atenção e aí entram gritos, quebrar brinquedos, birras homéricas, brigas com irmãos.
Vivemos num tempo onde nos falta tempo, entre acordar, preparar o café da manhã, o lanche das crianças, as levar a escola, trabalhar o dia todo, almoçar correndo, pegar as crianças na escola, olhar o dever, fazer jantar e etc. Acaba faltando tempo para dar uma atenção adequada para as crianças.
E quando a criança fica privada da atenção especialmente dos pais ela faz tudo, tudo aquilo que sabe fazer para obter sua atenção.
Para muitas crianças, muitas vezes é melhor ter o pai brigando com ela a ter seu pai sem lhe dar apenas um olhar.
E fazer birra, brigar com o irmão muitas vezes funciona porque não agüentando tanta gritaria freqüentemente os pais param tudo o que estão fazendo para dar atenção a criança.
O mais adequado nesses casos é dar atenção a criança antes que ela comece a se comportar mal, por exemplo, chegar do trabalho e brincar um pouco com a criança, perguntar como foi o dia dela. Isto faz com que a criança fique mais tranqüila, saciada da atenção dos pais.
Sabemos que é difícil conciliar a necessidade de tempo que as crianças têm com a rotina diária, encontra-se aí o nosso grande desafio.
Procurar estar com a criança, durante um tempo saudável, de qualidade faz com que ela se sinta amada, querida e certamente diminui a freqüência dos comportamentos inadequados da criança.


quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Luto Infantil


Acredito que na minha trajetória de terapeuta que também atende crianças uma das questões que mais tive que responder foi acerca do luto infantil, em como proceder junto a criança quando ela perde um ente querido, uma pessoa significativa.

Temos muito pudor em lidar com a morte, mas, como sabemos a morte é uma das poucas certezas da vida e daí a importância de preparar as crianças para quando esse momento chegar.

Vivemos num tempo onde é comum vermos adulto evitando que as crianças lidem com a morte, vale notar como é raro vermos crianças em velórios.

Dia desses em minha casa faleceu o peixinho que minha mãe criava. Era um peixinho azul, desses betas que vivia solitário em um aquário e era alimentado pela minha sobrinha de quatro anos todas às vezes que vinha na casa dos avós, ela o batizou de Nemo.

Minha mãe como uma avó contemporânea disse que não iria contar para a neta do falecimento do peixe e iria comprar outro parecido para por no lugar. Ela queria poupar a criança de lidar com a perda do peixinho.

Isso virou assunto para um debate em família, eu e meu irmão argumentamos com ela que nossa sobrinha deveria saber a verdade e que isso seria um aprendizado. Um pouco relutante minha mãe aceitou e acabou não comprando outro peixe.

Lidar com a morte é algo difícil, trás dor, mas é importante.

Costumo dizer que cada perda deve ser analisada antes de expor a situação para a criança, mas em geral é importante contar a verdade.

Dependendo da idade da criança deve-se limitar o que será contado, mas, é importante iniciar o assunto para que a criança se sinta autorizada a expor seus sentimentos.

Quando animais de estimação, plantas e insetos morrem é um bom momento de discutir sobre morte com as crianças.

Quando a criança perde alguém que possuía um vínculo forte é natural que haja uma mudança de comportamento podendo ela apresentar comportamento agressivo, ficar deprimida nesses casos é importante ficar atento porque a criança pode precisar de ajuda profissional para passar por essa fase.

É essencial que quem for acompanhar a criança neste momento tenha boa vontade, paciência e sensibilidade.

Sendo acolhida pelos familiares e pessoas próximas a criança poderá passar com mais tranqüilidade por esse momento difícil, ficando com o tempo somente com a saudade do ente querido que se foi.